Chegamos ao fim de 2007, como sempre trazendo emoções, entremeando esperanças e saudades. Isto porque ser humano é ser contraditório e a esperança de novas experiências ancora-se no que já passou. Somos de uma cultura sentimental onde a saudade é um elemento freqüente. E de onde nos vem isto? Vejamos.
A palavra saudade foi criada na língua portuguesa, nos primórdios de sua formação, quando o povo ibérico, levado em direção ao oceano pelos invasores romanos e bárbaros, ficou diante da imensidade dos mares no extremo ocidental do continente europeu, que chamaram Finisterra (fim da terra). Isto resultou um sentimento indefinível e melancólico, só posteriormente nomeado pela expressão saudade, cuja origem é polêmica. Considerado um idiotismo (expressão intraduzível, pois só existe em português) por representar um sentimento próprio de uma região, ela inspirou poesias desde as primeiras fases da língua, aportando no Brasil, em versos e canções.
Tem ela uma longa história. Em torno do ano de 1200, quando ainda nem existia Portugal como país, nem a língua portuguesa como tal, já se cantava o cuidado, o desejo e o lento morrer de amor. No exílio, Camões cantava: Na minha alma triste e saudosa / a saudade escreve, e eu translado”. Saudade não é soledad (espanhol), não é homesickness (inglês), não é morriña (galego), nem regret (francês); Saudade é diferente de nostalgia, de spleen, de mal du pays.
As formas arcaicas primeiras foram suidade, soedade e soidade, na fase do inicial do português. Teria vindo assim de soledade, solidão. Também há a hipótese de vir de salutem datis uma saudação romana. Alguns ainda dizem que tem origem no árabe saudá, profunda tristeza. O que fica, na verdade, é que com esta palavra, marca-se um estado de espírito que outras línguas não exprimem com precisão, sentimento muito próprio dos que usam o português como língua materna. A saudade portuguesa decorre de uma vivência espacial diferente: o espaço dinâmico e criador. Foi no mar, nas grandes viagens que Portugal descarregou essa tensão. Situado entre a última terra mediterrânea e primeira atlântica, Portugal compensou com o mar a sua escassez de continente. Só é possível, pois, a geração da saudade pelo amor e ausência, quando estes “pais da saudade” forem integrados num espaço criador.
A saudade é, pois, estado sentimental que se reflete ou transparece na poesia lírica. Saudade e lirismo são duas etapas de uma mesma coisa: a vivência e a expressão do sentimento humano. Fernando Pessoa tomou-a como sentimento emblemático de seu povo: ”Saudades, só portugueses/ conseguem senti-las bem/ Porque têm essa palavra/para dizer que as têm.
A vida vai tecendo laços e tudo que tece são pedaços do vir-a-ser que se transforma em ser. Assim, a saudade aportou no Brasil com a colonização e, sendo o Recife um dos primeiros portos a ser tocado , ela aqui aportou e fez sua morada em nosso Pernambuco.
Mas, vem da voz fluminense de Casimiro de Abreu, o poema brasileiro que levou todos a tomar consciência da dorida saudade da infância: Ai que saudades que tenho da aurora da minha vida! Da minha infância querida que os anos não trazem mais!
Em Pernambuco até os poetas populares, do frevo e do baião também transportam a saudade para seus versos. Luis Gonzaga avisava que a saudade é boa quando a gente lembra só por lembrar, porém se vive a sonhar com alguém que se deseja rever, saudade aí é ruim. É também, paradoxalmente, um dos temas recorrentes no Carnaval, nas letras do frevo canção e de bloco, -a dor de uma saudade vive sempre no meu coração, ao recordar alguém que partiu.
Enfim, saudade como palavra pode ser definida na trova: saudade não é lembrança, nem mesmo recordação, saudade é a dor da ausência, maltratando o coração. Mas, desejamos que as saudades dos natais passados e de tudo de bom que aconteceu em 2007, façam florescer esperanças de um feliz natal em 2007 e um 2008 de muitas alegrias!
A palavra saudade foi criada na língua portuguesa, nos primórdios de sua formação, quando o povo ibérico, levado em direção ao oceano pelos invasores romanos e bárbaros, ficou diante da imensidade dos mares no extremo ocidental do continente europeu, que chamaram Finisterra (fim da terra). Isto resultou um sentimento indefinível e melancólico, só posteriormente nomeado pela expressão saudade, cuja origem é polêmica. Considerado um idiotismo (expressão intraduzível, pois só existe em português) por representar um sentimento próprio de uma região, ela inspirou poesias desde as primeiras fases da língua, aportando no Brasil, em versos e canções.
Tem ela uma longa história. Em torno do ano de 1200, quando ainda nem existia Portugal como país, nem a língua portuguesa como tal, já se cantava o cuidado, o desejo e o lento morrer de amor. No exílio, Camões cantava: Na minha alma triste e saudosa / a saudade escreve, e eu translado”. Saudade não é soledad (espanhol), não é homesickness (inglês), não é morriña (galego), nem regret (francês); Saudade é diferente de nostalgia, de spleen, de mal du pays.
As formas arcaicas primeiras foram suidade, soedade e soidade, na fase do inicial do português. Teria vindo assim de soledade, solidão. Também há a hipótese de vir de salutem datis uma saudação romana. Alguns ainda dizem que tem origem no árabe saudá, profunda tristeza. O que fica, na verdade, é que com esta palavra, marca-se um estado de espírito que outras línguas não exprimem com precisão, sentimento muito próprio dos que usam o português como língua materna. A saudade portuguesa decorre de uma vivência espacial diferente: o espaço dinâmico e criador. Foi no mar, nas grandes viagens que Portugal descarregou essa tensão. Situado entre a última terra mediterrânea e primeira atlântica, Portugal compensou com o mar a sua escassez de continente. Só é possível, pois, a geração da saudade pelo amor e ausência, quando estes “pais da saudade” forem integrados num espaço criador.
A saudade é, pois, estado sentimental que se reflete ou transparece na poesia lírica. Saudade e lirismo são duas etapas de uma mesma coisa: a vivência e a expressão do sentimento humano. Fernando Pessoa tomou-a como sentimento emblemático de seu povo: ”Saudades, só portugueses/ conseguem senti-las bem/ Porque têm essa palavra/para dizer que as têm.
A vida vai tecendo laços e tudo que tece são pedaços do vir-a-ser que se transforma em ser. Assim, a saudade aportou no Brasil com a colonização e, sendo o Recife um dos primeiros portos a ser tocado , ela aqui aportou e fez sua morada em nosso Pernambuco.
Mas, vem da voz fluminense de Casimiro de Abreu, o poema brasileiro que levou todos a tomar consciência da dorida saudade da infância: Ai que saudades que tenho da aurora da minha vida! Da minha infância querida que os anos não trazem mais!
Em Pernambuco até os poetas populares, do frevo e do baião também transportam a saudade para seus versos. Luis Gonzaga avisava que a saudade é boa quando a gente lembra só por lembrar, porém se vive a sonhar com alguém que se deseja rever, saudade aí é ruim. É também, paradoxalmente, um dos temas recorrentes no Carnaval, nas letras do frevo canção e de bloco, -a dor de uma saudade vive sempre no meu coração, ao recordar alguém que partiu.
Enfim, saudade como palavra pode ser definida na trova: saudade não é lembrança, nem mesmo recordação, saudade é a dor da ausência, maltratando o coração. Mas, desejamos que as saudades dos natais passados e de tudo de bom que aconteceu em 2007, façam florescer esperanças de um feliz natal em 2007 e um 2008 de muitas alegrias!